Quem disse que falta de um ou outro dente não faz mal?

Houve um tempo no Brasil que ir ao dentista era quase que sinônimo de extração. na década de 60, por exemplo, o governo mantinha dentistas em escolas públicas  para atender alunos que geralmente eram carentes e a operação mais comum era a extração para resolver problemas de cáries.

Se o dente que falta está na frente, a preocupação estética pode até levar rapidamente o paciente a um dentista. Se a ausência não é visível no sorriso, adiar a resolução do problema costuma ser o caminho mais fácil para a maioria das pessoas. Historicamente sempre se fez muitas extrações no Brasil. A Pesquisa Nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, divulgada em 2010, mostra que mais de 3 milhões de idosos necessitam de prótese total (nas duas arcadas dentárias) e que outros 4 milhões precisam usar prótese parcial (em uma das arcadas). De uns vinte anos para cá houve uma mudança grande de entendimento porque a prevenção e promoção de saúde bucal ganharam projeção internacional. A redução de extrações foi drástica, mas ainda existe e é realizada em casos de pobreza ou reforçada na mentalidade de que dente de trás não faz falta.

Apesar de muito frequente em consultórios, extrações dentárias não devem ser consideradas comuns e normais. O que deve ser chamado a atenção é a sua causa, ou seja, o que o paciente fez ou deixou de fazer para ter que lançar mão desse tratamento invasivo. Se é removido um dente, é importante entender o que está acontecendo para conter a progressão dessa catástrofe oral junto com o seu dentista. A falta de um ou mais dentes tem consequências muito além da estética na vida do paciente. Entenda mais sobre elas:

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Quando um dente precisa ser extraído?

A extração de dente é necessária em muitos casos diferentes. Como por exemplo, pode ser devido:

  •  à cárie, que inviabiliza um tratamento restaurador e até de canal; 
  • doença na gengiva com perda de osso avançada; 
  • raízes fraturadas; 
  • cárie na raiz sem possibilidade de tratamento;
  • fratura do dente inteiro para a instalação de implantes; 
  • remoção de dentes extras que nasceram, como finalidade para instalação de uma prótese, entre outros.

Consequências de uma extração

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Um dente ausente pode levar a deficiência de mastigação do lado afetado, o que leva o paciente a mastigar do lado oposto (dentado), então este lado da face que está em função, mastigando, se torna volumoso, o que chamamos de hipertrofiada, ou seja, malhada como na musculação. O lado que não houve tantas repetições mastigatórias se torna flácido. Com isso, temos uma assimetria facial visível até no sorriso.

Além da dor facial, alteração na fala e baixa autoestima, o dente oposto vai saindo do osso e os dentes vizinhos se inclinam procurando contato. O resultado disso é uma bagunça até mesmo para reabilitar o paciente novamente. Isso acaba tendo um alto custo, muitas sessões com o dentista, muitos tipos de tratamentos diferentes incluindo várias especialidades. Em crianças, a perda precoce de um dente pode impedir o futuro dentinho de nascer, por conta dessas inclinações e mudanças de posições dos dentes vizinhos.

 Devemos tomar cuidado com decisões radicais que ainda estão presente em função de uma cultura um tanto recente. Consultar frequentemente um dentista já é início de uma nova cultura e quando o caso é avançado são as técnicas que evitam a extração.